Era meia noite.Ricardo, um jovem,
estava perdido na mata.Ele não enxergava nada além de seu medo.Tudo estava escuro.Sua
companhia era o som de um pássaro, talvez o Bacurau ou mãe da Lua, ele não
tinha certeza, apenas estava com medo. Pensava no que tinha feito.Entrou mata
fechada a dentro procurando orquídeas
amazônicas para homenagear sua namorada, no entanto não percebia a hora passar
e com a escuridão desconhecia o caminho
de volta.O medo crescia, ele caminhava mata a dentro, sentindo cheiro verde das matas e o úmido das olhas
caindo em gotas sobre seus ombros e cabeça.Uma lanterna o ajudava.Ele já estava
todo arranhado, o mato o cortava, cada vez mais o desespero batia.Ele cai.O
chão está muito liso, vermes engatam em suas mãos.Uma sanguessuga gruda em seu
punho.Ele a tira com o canivete.Sangrando, verifica seu celular.O celular havia
descarregado.Ele falava para si mesmo: “Sem desespero”, andava e andava.Tentava
achar sua bússola que estava no meio da sua grande mochila mas estava escuro e
tudo muito bagunçado.De repente cai em um buraco, sua mochila cai espalhando
todo o conteúdo! Recolheu o que pôde e foi andando.Desisto! Andarei mais uns
metros à procura de um lugar para dormir. “Eu mato o João quando chegar na
cidade!Ele falou que próximo a essa mata
do Rio Juruá eu encontraria essa tal orquídea, vim de barco até aqui, adentrei
a mata como ele disse e nada!Essa seria uma grande prova de amor e em seguida
pediria Bela em casamento.Agora nem sei se irei sair vivo daqui” , pensava
consigo mesmo Ricardo.
Cada minuto era uma
eternidade,Ricardo agora ouvia uivos, gritos, sons da mata e de seus animais
cada vez mais forte.Um cigarra canta bem perto do seu ouvido, ele assusta-se e
grita! Um pouco mais calmo olha o céu, parece enfeitiçado.A Lua estava linda e
o céu estrelado também, ele não parava de olhar para o céu de tão lindo que
estava.De repente, perto dele estava o Rio Juruá.Um rio lindo, caudaloso que
dançava à luz do luar.Sua dança era linda, umas ondinhas magníficas e sombras
das árvores o enfeitava, mágico!Cheirava! Um verde frescor e vida havia em cada
compasso seu.Uma sinfonia de esperança. Notei que havia ido longe demais e
agora? Ricardo começou a gritar.Sua lanterna estava fraca, seu gritos fortes, o
cheiro do Rio o atraia.Resolveu molhar seus pés enlameados nas margens, nesse
momento Ricardo sentiu uma mão e foi empurrado para dentro do frio Rio.Ele se
debatia nas águas já que não sabia nadar.Se debatia e gritava por socorro.Ainda
na água sentiu algo agarrar sua pernas e enrolar.O desespero foi muito
grande.No frio, no escuro, se afogando, com algo entrelaçando sua perna, apenas
orou: “Meu Deus me ajude”. Do nada, escuta algo pulando dentro do Rio, enquanto
ele se debatia e sofria de dor nas pernas, quase morrendo afogado presenciava
uma luta sem acreditar no que estava vendo.Um índio o tentava ajudar, retirando
o que parecia ser uma anaconda de suas pernas, ele gritava de dor e o índio na luta
contra o que realmente constatou-se ser uma cobra.Foram dez minutos de embate,
vitória do índio, o índio o carregou no colo sem dizer uma só palavra, nesse
momento o jovem Ricardo desmaia e nada vê.
O dia amanhece.Ricardo muito
debilitado em um leito de hospital , abre seus olhos e lá estão todos da sua família
ao seu redor, incluindo sua namorada.Ricardo grita: “cadê o índio?” , e começa
a contar tudo o que houve e eles chamam a enfermeira e ela diz a Ricardo: -Você
estava com mais de 40 graus de febre filho.Tudo o que você viu foram delírios.
Ricardo grita: Mentira! Vocês
todos estão mentindo! A enfermeira aplica uma dose de remédio e Ricardo dorme.Finda-se
a busca pela orquídea.
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